quinta-feira, 29 de maio de 2008

No encontro do dia 27 passado, o que me chamou atenção nos três convidados (e também no mediador) foi a confiança que depositavam nos respectivos tacos e o finissimo senso de humor de cada um. Cristiano, além de vários talentos que demonstrou, insistia a todo instante:
- Tem uma grande idéia? Vai lá e faz. Não tem essa de vamos fazer juntos e a gente divide o que ganhar. Quando a idéia é muito boa, excelente, e você acredita nela, você quer é mais ganhar sozinho.

O André me impressionou não só com sua determinação, mas também com sua paixão pelos livros.
- É um negócio? Sim, é, mais antes de tudo, uma paixão. Toda hora encontro com gente que diz que pensou um dia fazer o que eu fiz: reunir em um portal uma grande massa de sebos, possibilitando a pesquisa dos títulos e a aquisição das obras. Mas fui eu a pessoa que fez. Foi fácil? Não, não foi. Mas nunca duvidei que fosse possível fazê-lo.

Já o Interney forneceu de graça a lenha para minha fogueira. Ponderado, pontuou com um discurso paciente e didático:
- É preciso calma e programação. É semear para colher depois. Em um blog, qualidade e constância são essenciais. Você compra uma revista que sai só quando o editor quer? Como nas revistas, é preciso também ter uma linha editorial. Além disso, pensem sempre: você compra uma revista em quadrinhos? Sim, mas não apenas uma linha de quadrinhos. É importante o volume, pois apenas ele pode servir de termômetro para a estatura de seu trabalho.

Ele falava e eu escutava, sentindo que tudo aquilo estava sendo dito só para mim (além de tudo, pretensiosa).
Saí do encontro exausta, mas feliz. Cheia de idéias, que se somaram àquelas outras tantas que carrego comigo.

Ontem, foi impossível passar perto do meu blog. Hoje, às vésperas de minha viagem em direção a meu primeiro Festival Literário, tirei a tarde para mim.
Gostaria de mudar o visual de minhas Emas, imaginar até um outro título, uma outra ilustração (esse Reynolds do título poderia pelo menos ser substituído por alguma outra coisa, um macchiaioli, já que agora estou mergulhada body and soul no novecento ao sul da península italiana...

(macchiaioli, escola de pintura do século XIX, difundida em Florença e em Nápoles, assemelhada aos impressionistas: afinal macchia (mancha) + oli (óleo), literalmente manchas de óleo. O diretor de cinema Luchino Visconti, ao filmar Il Gatopardo, recorreu ao estudo dos macchiaioli para compor a luminosidade e leveza das cenas que retratam a Sicília nas três últimas décadas do século XIX).

De repente, escutei o eco de uma frase que ouvi muito na época de meu doutorado: tese boa é tese pronta. Mutatis mutantis (atualmente a-do-ro esse lustro do latim, que anos antes eu desprezava) blog bom é aquele que é atualizado.
Contrariando aqueles debatedores do dia 27, todos programadores, tecnicamente o que sei só dá para sobreviver. As netas da Ema, em sua primeira versão, publicada de 15 de novembro de 2004 a meados de 2006, contava com os conselhos técnicos do Hermenauta, por isso mesmo chamado de meu padrinho de blogosfera.
Na segunda versão, que durou poucos mais de dois meses, optei por algo menos complicado, tipo escrever e postar, sem as inúmeras ilustrações que utilizava no primeiro. Se neste último eu acabara de concluir o meu As netas da Ema, no ano passado já estava a todo vapor no meu segundo romance, A mãe dos brasileiros. Ça y est: que a sorte que acompanha os iniciantes me favoreça nesse reinício. E que a perseverança daqueles empreendedores me contamine até a medula.

Um comentário:

hermenauta disse...

Hurrah!

Welcome back to the blogoseira! :)

bjs