terça-feira, 22 de julho de 2008

Amor de mãe

No post anterior, fiz referência sobre os abandonados aos cuidados do Hospedale da Pietá. Lembro-me de ter visto em Nova York um livro exatamente sobre duas meninas do Hospedale e a luta entre elas para saírem e arrumarem-se junto a nobres, no século XVIII. Acredito que a tradução não foi lançada por aqui.

No mesmo dia daquele post, li no caderno Equilíbrio do jornal Folha de São Paulo uma notícia sobre a magia que há entre o sorriso dos bebês e suas mães. Estas últimas ficam como que dopadas em face da carinha daqueles primeiros. Através de estudos, descobriram que no cérebro são atividadas as mesmas zonas atingidas pela droga. Em outras palavras, um bem estar indizível e uma dependência atroz.

Quando tive minha filha fiquei encantada. Foi a convivência mais íntima e profunda da vida. Algo no nível dos Mistérios (os antigos e arcanos Mistérios dos gregos, cultos pagãos em que o iniciado era modificado nas entranhas, embora não pudesse contar, depois, o que havia acontecido). Detalhei mais sobre isso em um texto que escrevi, intitulado "A alegria de ser mãe", publicado na Folha de São Paulo, no dia das mães, em 2002 (apesar do google, não consegui localizá-lo).

Olhando para trás (o que deve ser evitado, porque corremos o risco de nos transformarmos em estátuas de sal) acho que fiquei mesmo encantada. Dependente, como uma drogada. Com a minha tendência de idealizar sempre tudo...

Na semana passada, tomei consciência de uma coisa diferente em minha mãe. Como ela está enxergando muito mal, leio os jornais para ela quase todos os dias. Não moramos juntas, só perto. Mas isso lhe dá tanto prazer que tento fazer sempre que posso. No final, ela pede que eu leia o horóscopo do filho. Detalhe importante: ela não se encontra com ele há uns 13 anos.

O 'spell' vai além de quando eles são bebês. Para algumas mulheres (não aquele grupo que descende de Médeia, que é capaz de matar a própria cria) o encantamento extravasa, e dura para o resto da vida.

Como a arte imita a vida (ou será o contrário, a vida imita a arte?) imaginei na hora um conto em que a mãe, octogenária, guarda a coleção de vinil do filho que não vê há décadas. Pelo menos uma vez por semana ela escuta um trecho de In a Gadda da Vida, do Iron Butterfly. Em lembrança do filho. Como ele era engraçadinho, assim, meio diferente, às vezes ela não o entendia muito bem, mas essa era a música favorita dele.

Hoje a música, um must lá pelos 68 ou 69, parece ingênua como música de carrossel. Nem aqueles que a cantaram entenderam direito: o título, todo misterioso, é o que eles conseguiam balbuciar, chapados que estavam no studio, no dia da gravação: In the garden of Eden. Sim mães, essas borboletas de ferro. Controladoras, mãos de aço, esvoaçando em jardins ideais, com asas de sonho, delicadas em suas cores nacaradas, que tem sua glória apenas por dias.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

10 dias depois e 2 leitoras a mais

Exultei quando nessa volta vi que as minhas Emas conquistaram duas leitoras. É como leite que se põe (ou se punha, porque hoje em dia parece que ninguém faz isso) para ferver: quando se dá as costas, ele extravasa. Não dei as costas. Nem Paraty (queria tanto ter ido à FLIP) nem para mim - para Campos do Jordão.
Escuto a Cultura. O programa é sobre Vivaldi. O apresentador comentou há pouco que os violinos na época barroca tinham o espelho mais curto. Aprendi que espelho, no violino, é aquela parte mais escura, que sai do corpo curvelíneo do instrumento e que serve de alça para o interprete (onde ele faz as notas). Por ter o espelho mais curto, o som barroco desse instrumento era mais grave. Por isso, as proezas e os agudos atingidos exigiriam, lá no passado, um exímio intérprete.
Claro que Vivaldi devia ser um bravíssimo violonista (Casanova também era, by the way). Mas esse compositor, padre, trabalhava, em Veneza, para o Hospedale de la Pietá. Lá pelos lados de onde hoje é o Hotel Daniele, um pouco além, tomando a Praça San Marco como base. O Hospedale era um orfanato, onde as meninas tidas em surdina, em casos extra-conjuguais, eram envidadas. E dá-lhe casos. No século XVIII, os Carnavais ocupavam quase todo o ano em Veneza. Tirando a Quaresma, quase todo o dia era Carnaval. Até durante o Natal. E as pessoas, pseudo-escondidas atrás das máscaras faziam mil e umas.
Os frutos dessas relações eram descartados. Muitas meninas foram mandadas para o Hospedale. Aí, para ocuparem o tempo e abrilhantarem as missas, aprendiam a cantar e a tocar. O professor era Vivaldi. Daí o fato de ele compor para formações variadíssimas: 2 violinos, cravo, viola e flauta, por exemplo. Era para dar lugar para todas.
A fama das meninas do Pietá espalhou-se pela Europa no século XVIII. Como ficavam atrás de uma treliça (como as concepcionistas, nas missas do Convento da Luz, em São Paulo), os homens passaram a fantasiar sobre elas. Faziam peregrinações à Veneza para assistir missas no Hospedale de la Pietá. Rousseau escreveu sobre elas; alguns nobres casaram-se com essas moças, que passaram a ser alvo de assédio contínuo.
Para celebrar a Lua cheia de hoje, só lembrando da glória e das histórias de Veneza, la Sereníssima. Onde dizem que o tiramissu foi inventado pelas cortesãs: depois de encontros acalorados, exaustas, comiam aquela mistura de mascarpone, ovos e café, para dar um "pick me up", um tira me sú (levanta-me), preparando-se para mais uma aventura.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

não é meu delírio

Muito rapidamente: há uns dias, afirmei que os 50 são os novos 30. Com alguma variação, é a matéria de capa da Veja. Antecipei-me.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Margaret Atwood: ninguém comentou

Margareth Atwood, uma de minhas escritoras favoritas, venceu o Prêmio Príncipe das Astúrias deste ano. Concorreu com ninguém menos que Ian McEwan (Reparação, Sábado, Na Praia), um dos autores que mais aprecio. Mas ela levou. Pergunto-me a razão de tanta parcimônia nas notícias e comentárioso.Li este http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art195718,0.htm,

mais este http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL613180-7084,00.html, ambos contando mais ou menos a mesma história, inclusive fazendo uso de termos semelhantes.


Atwood foi cogitada para o Nobel no ano passado, quando da concessão do prêmio a Doris Lessing. Em comum: as duas têm obra extensa, exploraram a um certo momento a ficção científica, que até hoje carrega um certo estigma de desprezo da crítica (e não sei bem o porquê) e são defensoras ativas dos direitos humanos. Li as duas e, peço desculpas à eventual heresia, prefiro aquela primeira. É mais escritora do que esta segunda. Reli o Carnê dourado no ano passado, assim que soube do Nobel concedido à Lessing. Apesar de trechos muito interessantes, é um livro desigual e, mil perdões,datado e super estimado.



Até hoje guardo a emoção que tive durante a leitura de Madame Oráculo, em 1984, meu primeiro Atwood (e, como ensinou Washington Olivetto, o primeiro a gente nunca esquece). Um flirt com os romances góticos-eróticos, com labirintos, belos tenebrosos, espelhos, escrita automática, mistério e indagação. Foi indicação de um professor de inglês maravilhoso que eu tive, o Peter Price. Depois veio A mulher comestível, Surfacing, até que surgiu Os contos da Aia, seu primeiro best-seller aqui no Brasil. Este foi o que menos gostei.


Vieram, na seqüência, A noiva ladra, Alias Grace, The blind assassin, e Negociando com a Morte. O primeiro, li por volta de 1995 e o considerei o melhor livro do ano. O segundo não me entusiasmou muito, mas O assassino cego tirou-me o sono durante uma viagem de navio. E no último, ao discutir o processo da escrita, Ms. Atwood se superou.


Adoro saber o que os escritores acham do ato de escrever. E as reflexões desta escritora inglesa são ímpares. Para ela, escrever é negociar com a morte. O escritor desce aos infernos, ao reino de Hades, e dele retorna com sua escrita. Muitos descem, poucos sobem. Lembrar-se do que viu e saber contar depois que subiu é que é o "x" da questão.



Li e reli no trajeto São Paulo-Curitiba, tantas vezes trilhado no segundo semestre de 2006, quando fazia minha oficina de criação com o José Castello. Como já mencionei em um post anterior, saía de SP por volta do meio dia das quintas, chegava em Curitiba quase às 18:30. A oficina começava às 19:00, ia até as 10. Voltava para rodoviária, pegava o ônibus das 23:30 e chegava em casa antes das 6 da manha de sexta-feira. Aguentei isso por três meses. Mas acredito que passei a entender um pouco melhor a natureza de um conto.


Nunca diria, por exemplo, o que a Nélida Piñon disse no dia 1 de julho passado, quando da entrega do Prêmio SESC Literatura, edição 2007. Contaram-me que ela afirmou que os contos são rascunhos de livros a serem escritos. Por Diós! As praias são tão diferentes. Anyway, ela deve saber o que fala porque presidiu a Academia Brasileira de Letras e eu, pobre marqueza, aqui estou em São Paulo, passando frio, escrevendo para um blog que ninguém lê e imaginando a Festa em Paraty.

By the way, Margareth Atwood esteve na FLIP de Parati em 2001 . Como gostaria de ter ido lá ou de estar hoje lá. E Margareth, quando jovem, foi linda, magra, com uma vastíssima cabeleira fulva, nariz adunco, semelhante a uma figura pré-rafaelita. Eu também gostaria de ter um rosto mais anguloso, não tão harmônico e redondinho. A eterna insatisfação feminina.


quinta-feira, 3 de julho de 2008

os anos mais felizes de uma mulher

De uma coisa estou certa: os 10 anos mais felizes de uma mulher são aqueles dos 39 aos 40. Maurice Chevalier, aquele cantor de ar meio "coquin" (safadinho, é isso?), com um chapéu posto assim de ladinho, acompanhado de uma bengala, costumava cantar canções como Douce France (Douce France, cher pays de mon enfance...). Lembro-me dele em Gigi (Audrey Hepburn, Louis Jourdan).

Balzac lançou o marco na discussão, quando escreveu a mulher de 30. A fisionomia de uma mulher mostra-se nítida quando ela completa 30 anos. Balzaquianas. Lá pelo início dos 60 minha mãe completou 30 anos. Minha mãe nunca foi uma mulher convencional, mas a partir dos 30 passou a usar mais preto, pérolas e umas roupas definitivamente com cara de mãe. Completava-se 30 anos e algo de muito concreto acontecia.

Hoje, 50 são os novos 30.

terça-feira, 1 de julho de 2008

novamente as duas vidas

Durante o fim de semana, massageando a nuca (começo de hérnia na cervical), notei que meu lado esquerdo do pescoço está completamente diferente do direito. Este último é mais leve, desencanado, flexível e não dói. Aquele primeiro está inchado. É duro que nem uma tábua e dói muito, há anos. Sigo toda uma pajelança para soltá-lo: alongamentos mil, bolsa de água quente intercalada com de sal aquecido (calor húmido e seco). Chego a me desesperar na hora de dormir porque não encontro posição para acomodar esse lado do pescoço. Que inveja das mulheres do Modigliani.

Hoje me veio uma idéia: penarei, enquanto eu não colocar meus dois lados para trabalharem junto. São praias tão diferentes...Nunca me machuquei muito porque mantive sempre meu lado lunar sob controle. Hoje ele quer cada vez mais espaço. E dói, dói muito.

Tenho sentido vertigens quando fecho os olhos, como estivesse no meio de um rodamoinho, o Maelström do Edgard A. Poe. As coisas estão se misturando.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

live and strife

Quando escutava histórias sobre adolescentes, acreditava que eram lendas, mitos. Minha única filha chegou lá. Nem mito nem lenda.
Tentando instruir-me para jogar o jogo, dei uma olhada nos livros do Içami Tiba. O que li (Quem ama educa - adolescentes) me decepcionou. Começa com uma referência aos padrões do mercado: como a empresa moderna não é mais em forma de pirâmide, implicando relações de subordinação, a família contemporânea segue o mesmo modelo, contemplando relações de cooperação.
Estou certa que os Baby Boomers - hoje Aged Boomers - com medo de serem temidos (e não amados) por seus filhos acreditam nessa esparrela. Até no Paraíso existem anjos, arcanjos, querubins e serafins. Santos de primeira classe (que têm dias festivos só para eles, por exemplo Santo Antônio, São João e São Pedro) e Santos sem dia específico, que são festejados no Dia de Todos os Santos (1 de novembro). Acho que uma certa hierarquia é fundamental. Não adianta criar filho para um mundo que não existe. E no mundo há hierarquia.
As famílias envolvem sentimentos. É onde aprendemos a odiar(vide Caim e Abel e toda a literatura acerca dos irmãos) mas também a amar. Como o velho Sarte, é como varíola, temos uma única vez mas ficamos marcados para sempre.
Por envolver sentimentos, não podem ser comparadas a empresas, que envolvem processo produtivo e lucros (até as beneficentes devem visar lucros, objetivando a autonomia). Talvez eu possa despedir meu marido, mas nunca meu filho de 5 anos. Ou de 10. Ou até mesmo de 15. Eu estaria indo contra a lei (Código Civil que entrou em vigor em 2003) que estabelece que os pais são responsáveis pelos filhos até que esses completem 18 anos (ou 16, em caso de emancipação).
Por outro lado, mães não tem 13 salários, não ganham bônus, não tem férias. Nem ganham hora extra ou têm direito a repouso semanal. Não são promovidas, não tem sala de canto e água gelada, com vista para a Avenida Paulista. Pelo contrário, aquelas que ousam abrir mão da brilhante carreira de executiva são olhadas pelas outras, outros e quem sabe até por si mesmas como cidadã de segunda classe.
Não tem mais cartão de visita, carro da empresa e almoço espichado de sexta-feira.
Os adultos de hoje não são respeitados porque a juventude é um valor em si a ser perseguido. Essa idéia não é minha, mas do Zygmunt Bauman. Como um jovem respeita aquele(a) que tem inveja dele, que se esforça para parecer com ele? E dá-lhe toda uma indústria que vende juventude e felicidade eterna, em potes, injeções de botox, caras aparvalhadas e toneladas de fluoxetina.
Tenho certeza absoluta que minha geração está sendo um fiasco na educação de seus filhos.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

martini, será que dry?

Ontem, Dia dos namorados, véspera de Santo Antonio, fiz um doce de batata roxa para levar à festa que vou hoje à noite. Enquanto apurava o doce – cuja cor é linda, roxo paixão – tive um insight: faço coisas que as mulheres do século XIX faziam; fiz coisas que grande parte das mulheres do século XX fez e tento fazer, hoje, o que as muito jovens fazem: manter um twitter, por exemplo. O que é? Um blog em tamanho diminuto, atualizável a todo instante, em que a pessoa anota tudo o que faz. Será que isso realmente faz algum sentido?

Para mim faz. Voltei a usar o pseudônimo que adotei em meus primeiros dias de blogosfera, lá nos idos de novembro de 2004: berthe, uma homenagem à Ema Bovary e a sua filha, Berthe Bovary. É isso: tenho por base de cultura as leituras do século XIX. É claro que a base, uma vez que a ela adicionei já tanta coisa...

Sigo as receitas de doces daquelas mulheres de dois século atrás. Mas, como toda (ou quase toda, não é cabido generalizar) Baby Boomer, fui criada por pais que leram Liberdade sem medo (o must pedagógico nos idos 1960), era fã dos Beatles, Rolling Stones, lembro-me de maio de 1968 (inclusive da guerra FFLCH x Mackenzie na Maria Antonia). Comecei a trabalhar muito cedo porque quis: aos 18 anos, quando entrei para a Fac. De Direito, fui trabalhar em um cartório de um tio-avô (tão Balzac, que obrigado pela família também trabalhou em um cartório). Fiz política universitária USP, formei-me e no dia que colei grau (neguei-me a ir a festa de formatura, para mim uma formalidade sem sentido), saí de casa para morar sozinha. Entre todas minhas amigas, fui a primeira e praticamente a única. Meu pai teve uma conversa comigo: que ele me amava e me amaria para sempre, mas que o dia que eu saísse de casa não receberia mais um tostão dele. Esclareci que eu tinha um bom salário (e era verdade) e que em caso de urgência eu podia vender o carro (que era meu, comprado com meu dinheiro).

Mais ou menos, fazendo o balanço, antecipei muita coisa com relação às pessoas – principalmente as mulheres – da minha geração. Aos 13 anos, fui convidada para fazer uma matéria para a revista Manequim, da Abril, tornando-me, assim, uma das primeiras modelos mocinhas. Até então, só usavam uns mulherões. Não foi nada por acaso: eu escrevi para a editora e mandei minhas fotos. Escondi isso durante toda a vida, pois havia o preconceito que se é bonita não pode ser inteligente. Com 13 anos eu lia Sartre e minha melhor amiga me falou de Yeats. As quatro fases da Lua.
Até entrar na Faculdade, tirei uma porção de fotos (Manequim, uma Vogue,Suplemento Feminino do Estado de SP) e fiz alguns comerciais de TV (o mais visto, o do desodorante Rexona). Raramente as pessoas ligavam o nome à pessoa. Era tão fora do contexto que ninguém imaginava. Minha mãe sabia e deixava; meu pai nunca soube.

Eu queria ter uma carreira séria e tinha consciência de que aquilo era passageiro.

Antecipei-me quando fui estudar Direito Internacional, aplicado às operações comerciais e financeiras. Naqueles idos de 70, em um Brasil com uma economia fechadíssima, seguindo o modelo das substituições das importações, a maioria não via nenhum sentido. Estudei fora, fiz dois estágios no exterior (Paris e Luxemburgo), antes que isso fosse trivial como é hoje, em tempos globais. Fiz uma carreira até que bem legal no setor financeiro: cheguei a trabalhar em NY que, segundo Andy Wharol, é a comprovação do sucesso.
Meu tempo está se esgotando: aos 40 tive uma filha. De novo, na frente da tendência atual de adiar a maternidade ao máximo para não atrapalhar a carreira.
Reinventei-me depois da maternidade, porque queria ser uma mãe presente, às antigas. Fui para o lado acadêmico e tornei-me doutora em 2003. Comecei duas novas carreiras: acadêmica e literária. Acabei a tese de doutorado e comecei a escrever o romance com que conquistaria o Prêmio SESC Literatura – 2004. Terminei o romance, As netas da Ema, e comecei este blog, que na sua primeira encarnação era o netasdaema.zip.net. Meus amigos, na época, não sabiam o que era blog.

Resolvi experimentar “twittar”. Hoje me divido em pedaços: advogada (sou sócia de um escritório), concluo meu segundo romance, comecei a escrever contos e – principalmente – tenho uma filha adolescente, transpirando hormônios e falta de educação. O que será que brota desta mistura? By the way, meu twitter é o www.twitter.berthe

segunda-feira, 9 de junho de 2008

le smoking


Yves Saint Laurent, que faleceu há pouco, definia como elegante a mulher que usava uma saia preta, um sweater da mesma cor e tinha o homem amado a seu lado. É de suspirar.
Quando soube que era a ganhadora do Prêmio SESC Literatura, o que aconteceu no começo de fevereiro de 2005, depois de ficar tonta de alegria, a primeira questão que eu me fiz foi: e com que roupa eu vou receber o prêmio?

Proust escreveu que qualquer tristeza na vida de uma mulher passa quando ela compra um vestido novo. Durante décadas, vi isso com muita suspeita. No meu caso não era tristeza mas, sim, muita alegria. Comprei um smoking, o primeiro da minha vida. Se não alta costura, ficou próximo. Uma quase couture, como dizem nos Estados Unidos Foi daquelas peças cujo acabamento é feito no corpo da pessoa. Comprado na Viva Vida, no Iguatemi, loja muito chique que nem sei se existe ainda (a de Higienópolis fechou e a da Vila Madalena tem outra proposta). Não repetiria isso, hoje em dia. Porém, de qualquer jeito, tenho meu “le smoking”.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

duas vidas

Parece título de novela. Mas o filósofo Gaston Bachelard - que me inspira - defendeu que tinha dois pensamentos: o diurno, dedicado ao estudo da filosofia das ciências, e o noturno, voltado para a literatura, mito e poesia. Ciência e devaneio. Aprofundei minhas leituras sobre o pensamento noturno de Bachelard quando estudava Direito em Dijon. Terra da mostarda, dos grand crus da Bourgogne, do cassis e dos escargots, para mim foi também terra de deleite como leitora.

Se tivesse estudado tudo durante a semana, meu prêmio, aos sábados, depois da aula de culinária (sim, estudei culinária em Dijon, de forma paralela ao meu mestrado em Direito do Comércio Internacional), comia uma religieuse - uma espécie de eclair duplo, recheada com um creme aveludado e sensual - e ia ler na biblioteca pública. Esta tinho sido instalada em uma antiga capela do século XI, desativada. Realmente, era o paraíso.

Além das leituras aos sábados, que se tornaram para mim tão sagrados como o shabbat, havia as aulas de literatura francesa, a que eu assistia como ouvinte, na Fac. de Letras da Universidade. O curso era sobre literautra romântica francesa no século XIX, ministrado por um professor sírio - le sirien avez les yeux de velours. Com ele dissecamos, entre outros, Gerard de Nerval. "Tombez roses blanches, tombez de ce ciel qui brûle parce que la sainte de l' Abîme est plus sainte a mes yeux (citado de memória)".
Nesse curso eu era acompanhado por meu então boy friend (durante o tempo que vivi em Dijon tinha um namorado americano, colega de curso de Direito. Interessantemente, falávamos só em francês. When in Rome, do as the Romans do. E seu inglês era tão lindinho, todo cantado, porque era de Atlanta - meu Reth Buttler, dá-lhe "e o vento levou". Seus pais eram professores de literatura e ele lia até que bastantinho. Hoje, ele é advogado em Miami, nos falamos muito de vez em quando, ainda em francês).

Voltando ao Bachelard, seu pensamento noturno é poesia pura. Dá para sentir pelos título: A poética do devaneio, A poética do espaço, A água e os sonhos (ensaio sobre a imaginação da matéria) e assim por diante. Tenho todas as traduções em português editadas pela Martins Fontes. Os originais em francês estão naquela capela em Dijon. Bom lugar para serem guardados.

Pensamento diurno e noturno: o Direito para im foi sempre aquele primeiro, enquanto a literatura ficou por conta deste segundo.Ou, em outras palavras, o primeiro foi meu marido, o segundo, o amante.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

com a chuva, só o Sol da Itália



Depois de uma noite amena, uma madrugada de chuva e manhã de frio. Como a Rússia, em todas suas guerras desde Catarina, procuro uma saída para um mar quente, que não congele no inverno. A vacina é a lembrança da luz dourada dos macchiaioli. Como a beleza de Stendhal. uma promessa de felicidade.


terça-feira, 3 de junho de 2008

Como estou concluindo um livro, escrevo bastante, durante todos momentos que posso (que, contrariando o que possa parecer, não são muitos: minha formação é em Direito, escrevo também nessa área e, apesar de aparecer pouco no escritório do qual sou sócia, sempre tem alguma coisa para fazer, ainda que seja uma “social”, como costumo dizer. Além disso, tenho uma casa - onde sou o “maître de maison”- para cuidar, o que implica contas, compras, consertos, arranjos etc). Em um paralelo com a obra de Dali, daquelas mulheres com muitas gavetas,uma cabeça com muitas, mas muitas gavetas...




Ao mesmo tempo, tenho que ler muito, porque o livro é uma biografia histórica. No domingo, assisti a uma palestra do Fernando Morais, no Festival da Mantiqueira, Diálogos com a Literatura. Ele citou uma lição do Gabriel Garcia Marques, durante um curso na finada (acredito eu) Escola Internacional de Cinema, em Cuba (visitei tanti anni fa): quando você descrever a porta de um hotelzinho em Paris, saiba quantos degraus tem a escada que vem depois, ainda que você não use isso. Uau..., pensei eu. Não estava tão equivocada. Passei muito tempo estudando a moda na segunda metade do séc. XIX, as flores, perfumes e as cores do mar nas baías de Guanabara e de Nápoles, as comidas, enfermidades, chistes, hábitos, músicas etc. E é tudo muito disperso, além de ser necessário checar cada informação (por mais que insista com minha filha, nem tudo o que se acha na NET é verdade...).
Com isso, chego não ao final do dia, mas ao meio-dia já exausta. Parece até “malo ojo”, como dizem em Espanha.

Anyway, havia preparado ontem um texto gracinha sobre minha ida ao Festival da Mantiqueira.



Fiquei em São José dos Campos, e não em Campos do Jordão, como previra inicialmente. No sábado e no domingo, acordei cedo e peguei a estrada para São Francisco Xavier, que é a antiga estrada para Campos do Jordão. Trilhada inúmeras vezes em minhas férias de infância e adolescência, fez com que eu pensasse muito em tempos passados.
Vinha sempre à cabeça a poesia de Leopardi, ...Vagas estrelas da Ursa, quem diria voltar ao jardim paterno para mirá-las... (citado de cabeça uma vez que não tenho muito tempo para procurar nas estantes o livro). Leopardi, cujo túmulo encontra-se em Nápoles (e o que de especial nesse mundo não está em Nápoles, até minha personagem) inspirou com esses versos o filme de Visconti, de mesmo nome – Vagas estrelas da Ursa. Claudia Cardinale e Alain Delon (era ele mesmo?). Os dois irmãos voltam para Volterra, nas vésperas do casamento da irmã e recordam-se da ligação incestuosa da infância. Será que era isso mesmo? Se não for é parecido.

Bref, indo pela estrada, colorida com o rosa forte das flores de paineiras, lembrava de minha mãe dirigindo uma imensa banheira (um Dodge Dart azul escuro metálico), eu e meu irmão no banco de trás, brigando todo o tempo e minha mãe advertindo: - “Parem, senão eu é que paro e daí vocês vão ver”. É o castigo de toda mãe: hoje eu vejo como devia ser difícil para ela, trabalhar o dia todo, nos pegar no final da tarde, botar tudo no carro e partir para Campos. Meu pai trabalhava em Jacareí. Já era noitezinha quando passávamos por lá, o pegávamos (ele sempre observava que nos esperava desde às 5 da tarde) e íamos jantar em São José dos Campos. Depois do jantar é que ganhávamos a estrada para Campos do Jordão, a mesma que nesse fim de semana levou-se à São Francisco Xavier.
Cada touceira de bambu parecia para mim, à noite, um bando de fantasmas agourando nossa passagem. Nesse fim-de-semana vi que os bambus cresceram tanto nessas últimas décadas que seus penachos projetam-se para cima da estrada, unem-se no alto e formam ogivas, como nas catedrais góticas européias. Como o tempo transforma tudo: desde minhas recordações, até a vegetação ao lado da estrada.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

minha leitora macchiaioli

Há alguns posts mencionei os macchiaioli (como escrevi, escola de pintores florentinos e napolitanos da segunda metade do século XIX, cuja proposta era retratar o codiano e a luz da península italiana (recordando que só se deve falar em Itália depois de 1861, data da unificação e criação do reino da Itália). No meio da névoa paulistana é a lembrança do Sol da Itália que aquece meu coração.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Todos os caminhos levam a Roma

Todos podem levar, certamente uns mais rápidos do que os outros. Logo cedo escutei pelo rádio (Rádio Cultura FM) uma entrevista com o André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento e Difusão de Produção Cultural da Secretaria Estadual da Cultura. Olhava pela janela e, enquanto via a garoa fina e o dia cinzento, cantarolava "Foggy Day" (It´s a foggy day, in London Town...Ella F. ou Sarah W.?).
Ao mesmo tempo, preparava a mala para a ida ao Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier.
Acabei saindo às 16,30 de SP e cheguei a São José dos Campos às 19,45. Quem me conhece não se espanta. Não tenho senso de direção, perco as placas que dão as indicações e com isso tudo perdi a saída para São José e acabei em Taubaté. Uma viagem de uma hora e quinze durou três. Mais um pouco, passava a noite em Rezende, na Fazenda do Castelo. Ou quem sabe, esticando até Vassouras para fazer uma visita à Casa da Hera e a sua dona, o fantasma da Eufrosina,o grande amor de Joaquim Nabuco, o belo Quincas.
Todos os caminhos, porém, levam a Roma. Menos o do meio, como já pregava o compositor Shostakovich.Embora não tenha pegado o do meio, todos comentaram que a estrada de S. José dos Campos para São Francisco Xavier é perigosa à noite. Será, mesmo?
De todo modo, é a antiga estrada de acesso a Campos do Jordão, deixada de lado, pelo que me lembro, desde o começo dos anos 80, quando a Carvalho Pinto foi inaugurada.
Tudo deu tão bem até agora, que eu creio que devo interpretar os sinais:considerando que hoje à noite estava programado apenas um show de abertura, é melhor deixar para amanhã cedo (não muito cedo por causa da névoa) e chegar para a abertura dos diálogos. O primeiro deles, Literatura e Cinema, com Suzaba Amaral, Moacyr Scliar e Marçal Aquino.
Perguntas: por que tanto nome de santo (S. José dos Campor, S. Francisco Xavier)? Por que passar por uma velha estrada trilhada inúmeras vezes, em minhas férias de juventude em Campos do Jordão?
É isso, a gente fica - como diria eu - maduro e acaba juntando um montão de histórias. Ça y est.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Renascendo das cinzas

Recebi uma carga de energia realizadora antes de ontem, terça-feira, dia 27 de maio. À noite, fui ao encontro que finalizou o ciclo Palavra na Tela, organizado pelo Julio Daio Borges, do Digestivo Cultural. Nele, três empreendedores discutiram Internet e empreendedorismo:André Garcia, fundador da Estante Virtual ; Cristiano Dias, proprietário do provedor de hospedagem de sites e blogs Vilago, além de criador do Top Links e Edney (Interney) Souza,que, entre outros predicados, é o idealizador da Interney blogs. Se eu sou uma empreendedora? Às vezes eu penso que sim, mas a maior parte do tempo eu acho que não.

Então, por que eu fui? Pode parecer tolo, mas fui por outras razões. A primeira, e determinante, foi agradecer a indicação de meu nome para cobrir o
Festival da Mantiqueira – Diálogos com a Literatura , em nome do Digestivo.
Uma grande coincidência: lendo o jornal, no sábado que seguiu o feriado de Corpus Christi (dia 240, deparei-me com o anúncio do evento. Fiquei imediatamente entusiasmada. E veio a idéia de oferecer a pauta ao Júlio. Embora escritora (como até agora eu me embaraço em afirmar uma coisa dessas, apesar de estar concluindo meu segundo livro e meu livro de estréia,
As netas da Ema, vencedor do Prêmio SESC Literatura, em 2005, editado pela Record, estar em 2ª. Edição) nunca fui a um festival desse gênero. Rápido como sempre, o editor do Digestivo (daqui para frente, respeitosamente, meu editor) disse sim. A alegria, ou melhor, o júbilo que sinto cada vez que recebo uma afirmativa em minha vida literária é tão grande (será que isso é defeito?) que resolvi ir agradecer pessoalmente.

Mas havia outras motivações: na sexta, entre sábado e o feriado, depois de escrever durante muitas horas, liguei a televisão, a que assisto como um zumbi, não prestando atenção em nada, mas olhando para tudo, apertando as teclas do controle como quem pressiona o gatilho de fuzil, pensando em Hemingway e sentindo-me indômita caçadora nas savanas da África. Escritores – ou só eu mesma – têm fantasias literárias.
Não é que no
canal 70 (TVA), uma novidade denominada TV Ideal, rolava uma discussão sobre blogs em um programa sobre confrarias? O foco eram blogs corporativos. O nome do Edney Souza foi citado várias vezes, o que coincidiu com a entrevista que eu lera dele no Digestivo. Edney, sugestivamengte é também conhecido como Interney...
Coincidências tornaram-se, assim, sincronicidades. Pode ser ilusão minha, mas achei que aí tinha coisa.

E achei várias. Além de conhecer a casa em que morou Mário de Andrade, a
Oficina da Palavra, passar por umas ruas estreitas da Barra Funda que me fazem recordar uma cidade do interior e o endereço antigo, muito antigo mesmo, de tias e avós paternos, presenciei uma conversa para lá de instigante e reveladora. O denominador comum: tendo uma idéia, faça. The proof of the pudding, já ensinaram os ingleses, is in the taste. Ou, mais dialeticamente, segundo Mao Tse Tung (será que minha mãe citava isso corretamente? Pois é, mammy cita Mao Tse Tung, mas isso é uma outra história) a prática é o critério da verdade. Obviamente, muitos outros itens foram repassados, mas a lição da noite para mim concentrou-se aí.

Da boca para fora, repito o que Jung dizia: em caso de dúvida faça. Se estiver errado e essa ação vier do coração, a natureza se encarrega de consertar os erros. Tenho a impressão que levo isso em conta no atacado, mas no varejo sempre me culpo de adiar um monte de coisas. Ou melhor, reclamo por não ter mãos suficientes para acompanhar o ritmo de minhas idéias. Não sei se sou muito exigente comigo mesma, se tenho na verdade muito o que fazer durante o dia, mas vivo pensando que poderia realizar mais. Têm horas que atribuo isso à natureza: sou Aquário com ascendente em Libra, muitos signos de Ar, ou seja, idéias em profusão, com um único ponto em signo de Terra (por sinal, minha Lua), o que me deixaria como um balão, pronta para voar, alçada no espaço pelo poder das idéias, sem o lastro concreto para realizá-las. Será?

Antes da resposta, lancei-me ao gesto objetivo. Pondo fim a essa divagação, em uma ação que traduz o simbólico, usando os meios que tinha às mãos, reanimei meu blog. Que esse post seja a respiração boca a boca e que os anjos do céu, como naquelas belas cantatas barrocas, em uníssona repitam: Ressurreto!
No encontro do dia 27 passado, o que me chamou atenção nos três convidados (e também no mediador) foi a confiança que depositavam nos respectivos tacos e o finissimo senso de humor de cada um. Cristiano, além de vários talentos que demonstrou, insistia a todo instante:
- Tem uma grande idéia? Vai lá e faz. Não tem essa de vamos fazer juntos e a gente divide o que ganhar. Quando a idéia é muito boa, excelente, e você acredita nela, você quer é mais ganhar sozinho.

O André me impressionou não só com sua determinação, mas também com sua paixão pelos livros.
- É um negócio? Sim, é, mais antes de tudo, uma paixão. Toda hora encontro com gente que diz que pensou um dia fazer o que eu fiz: reunir em um portal uma grande massa de sebos, possibilitando a pesquisa dos títulos e a aquisição das obras. Mas fui eu a pessoa que fez. Foi fácil? Não, não foi. Mas nunca duvidei que fosse possível fazê-lo.

Já o Interney forneceu de graça a lenha para minha fogueira. Ponderado, pontuou com um discurso paciente e didático:
- É preciso calma e programação. É semear para colher depois. Em um blog, qualidade e constância são essenciais. Você compra uma revista que sai só quando o editor quer? Como nas revistas, é preciso também ter uma linha editorial. Além disso, pensem sempre: você compra uma revista em quadrinhos? Sim, mas não apenas uma linha de quadrinhos. É importante o volume, pois apenas ele pode servir de termômetro para a estatura de seu trabalho.

Ele falava e eu escutava, sentindo que tudo aquilo estava sendo dito só para mim (além de tudo, pretensiosa).
Saí do encontro exausta, mas feliz. Cheia de idéias, que se somaram àquelas outras tantas que carrego comigo.

Ontem, foi impossível passar perto do meu blog. Hoje, às vésperas de minha viagem em direção a meu primeiro Festival Literário, tirei a tarde para mim.
Gostaria de mudar o visual de minhas Emas, imaginar até um outro título, uma outra ilustração (esse Reynolds do título poderia pelo menos ser substituído por alguma outra coisa, um macchiaioli, já que agora estou mergulhada body and soul no novecento ao sul da península italiana...

(macchiaioli, escola de pintura do século XIX, difundida em Florença e em Nápoles, assemelhada aos impressionistas: afinal macchia (mancha) + oli (óleo), literalmente manchas de óleo. O diretor de cinema Luchino Visconti, ao filmar Il Gatopardo, recorreu ao estudo dos macchiaioli para compor a luminosidade e leveza das cenas que retratam a Sicília nas três últimas décadas do século XIX).

De repente, escutei o eco de uma frase que ouvi muito na época de meu doutorado: tese boa é tese pronta. Mutatis mutantis (atualmente a-do-ro esse lustro do latim, que anos antes eu desprezava) blog bom é aquele que é atualizado.
Contrariando aqueles debatedores do dia 27, todos programadores, tecnicamente o que sei só dá para sobreviver. As netas da Ema, em sua primeira versão, publicada de 15 de novembro de 2004 a meados de 2006, contava com os conselhos técnicos do Hermenauta, por isso mesmo chamado de meu padrinho de blogosfera.
Na segunda versão, que durou poucos mais de dois meses, optei por algo menos complicado, tipo escrever e postar, sem as inúmeras ilustrações que utilizava no primeiro. Se neste último eu acabara de concluir o meu As netas da Ema, no ano passado já estava a todo vapor no meu segundo romance, A mãe dos brasileiros. Ça y est: que a sorte que acompanha os iniciantes me favoreça nesse reinício. E que a perseverança daqueles empreendedores me contamine até a medula.